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Atualmente, o BIM (Building Information Modeling) tem um papel importantíssimo nos projetos de arquitetura e construção no Brasil.
Mas nem sempre foi assim. Para que essa tecnologia fosse amplamente adotada, algumas iniciativas de padronização precisaram ocorrer.
Uma dessas iniciativas foi a NBR 15965, conhecida como a primeira norma BIM no país.
A norma da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) criou um sistema unificado de classificação de informações, o que facilitou o uso do BIM no Brasil.
Neste artigo, vamos conversar sobre o que é a NBR 15965, como ela funciona na prática, como surgiu, quais desafios enfrentou e como você pode tornar seu dia a dia com BIM ainda mais fácil.
Boa leitura!
O que é NBR 15965?
A NBR 15965 é a primeira norma técnica brasileira voltada à metodologia BIM, desenvolvida pela ABNT para padronizar a classificação das informações da construção.
Ela estabelece uma linguagem comum (códigos e termos padronizados) para identificar elementos, processos e componentes nos projetos BIM em todo o país.
É um marco importante, pois foi a primeira regulamentação específica para BIM no Brasil, dentre mais de 900 normas da construção civil publicadas pela ABNT.
Essa norma é composta por 13 tabelas principais, elaboradas tomando como base as 15 tabelas do sistema OmniClass (um sistema de classificação utilizado na construção nos EUA e Canadá).
No entanto, as tabelas da NBR 15965 foram adaptadas à realidade brasileira, contemplando terminologias e soluções construtivas locais.
Cada tabela contém duas colunas: uma com códigos hierárquicos de classificação e outra com os termos padronizados correspondentes.
NBR 15965: as 7 partes da norma

A NBR 15965 está dividida em sete partes, que abrangem diferentes aspectos da classificação da informação na construção.
Veja como funcionam as 7 partes da NBR 15965:
1. Terminologia e estrutura
A Parte 1 da NBR 15965 define a terminologia, os princípios e a estrutura de classificação que dão coerência ao restante da norma.
A ideia é simples, mas poderosa: organizar a informação da construção de modo que disciplinas, fases, recursos e resultados possam ser combinados sem objeção, em qualquer etapa do ciclo de vida do empreendimento.
Essa lógica vem alinhada à ISO 12006-2, referência internacional que “ensina” como construir sistemas de classificação para o ambiente construído e como as tabelas se relacionam.
Na prática, isso é o fundamento para criar templates BIM e regras de validação consistentes (por exemplo, parâmetros mínimos por tipo de objeto) e para conectar classificação a campos como Assembly Code e Keynote no Revit.
2. Características dos objetos da construção
A Parte 2 da NBR 15965 trata dos dados primários dos objetos: materiais e propriedades.
Em outras palavras, ela padroniza o que precisa ser informado e como chamar cada coisa quando você descreve portas, luminárias, mobiliário, dutos, etc.
Para quem modela no Revit, isso se traduz em mapear a nomenclatura/códigos da NBR 15965 para parâmetros compartilhados e parâmetros de tipo/instância.
Ao vincular “Material”, “Acabamento”, “Desempenho térmico/acústico”, “Fabricante” e outras propriedades a um vocabulário padronizado, o modelo fica mais confiável e auditável.
Se o seu time ainda está organizando famílias, este é o momento de revisar o padrão com base na Parte 2 e no nosso guia Famílias paramétricas: guia completo no Revit
3. Processos da construção
A Parte 3 organiza como o trabalho acontece: disciplinas, fases e serviços.
A comunicação se torna mais clara, o que permite que arquitetos, engenheiros e outros envolvidos especifiquem quem realiza cada tarefa, em que momento e em qual fase.
Em coordenação BIM, você pode amarrar atividades de modelagem, compatibilização, documentação e obra a fases padronizadas, o que facilita cronogramas 4D, entregáveis de cada serviço e responsabilidades por disciplina.
O ganho prático aparece no planejamento (escopos claros), na gestão de riscos (quem responde por cada verificação) e na análise de maturidade/entregas (gate de qualidade por fase).
4. Recursos da construção
A Parte 4 classifica recursos: produtos/componentes, funções organizacionais e equipamentos.
Pense nela como o catálogo que dá nome e código aos insumos que viabilizam os processos mapeados na Parte 3.
Na prática, ajuda a alinhar especificações, compras e planejamento: por exemplo, quando você classifica um chiller, um quadro elétrico ou uma bancada, amarra esse item a uma função (quem usa/instala) e a equipamentos de apoio, favorecendo rastreabilidade e medição.
Em Revit e Navisworks, combinar a Parte 4 com WBS/LOIN acelera takeoffs e 5D.
5. Resultados da construção
Se a Parte 4 lista o que entra, a Parte 5 foca no que sai: elementos (sistemas e subsistemas como vedação, cobertura, estrutura de piso) e resultados de trabalho (o “work result” executado).
Classificar corretamente aqui é o que permite casar modelo BIM com orçamento (5D), medições, memoriais e planos de contas.
No dia a dia, você amarra paredes/tetos/forros a códigos padronizados, facilita composições, evita duplicidades e melhora a comparabilidade entre obras.
Essa Parte 5 é especialmente útil para quem precisa desdobrar o modelo em cadernos de especificação e packages de empreitada sem perder a ligação com o objeto modelado.
6. Unidades e espaços da construção
A Parte 6 organiza unidades (porções de terrenos, edificações, frações imobiliárias ou produtivas) e espaços (ambientes funcionais como sala de aula, laboratório, enfermaria).
Isso padroniza zoneamentos, estudos de capacidade e FM/POE (pós-ocupação): ao etiquetar corretamente os espaços, você obtém relatórios de áreas, densidades e ocupação coerentes entre projeto, obra e operação.
Em Revit, o ganho vem ao vincular Rooms/Areas a códigos NBR 15965, o que facilita desde room data sheets até integrações com plataformas de manutenção.
Em empreendimentos educacionais ou hospitalares, a Parte 6 dá a gramática para comparar layouts e fluxos.
Os guias e papers nacionais reforçam que a Parte 6 aproxima planejamento territorial e operação do arcabouço de classificação — um ponto sensível para quem pensa ciclo de vida completo do ativo.
7. Informação da construção
Encerrando, a Parte 7 da NBR 15965 estrutura a própria informação: o que registrar, como referenciar e como manter a rastreabilidade de dados e documentos ao longo do ciclo de vida (requisitos, submittals, revisões, anexos normativos, as built).
Em termos práticos, ela sustenta auditorias, compliance, governança de dados e integrações com CDEs (ambientes comuns de dados).
Ao conectar esse “espelho” informacional às Partes 2–6, você consegue validar se cada objeto, espaço, elemento e processo está documentado e versionado corretamente.
Como funciona a NBR 15965 na prática?

A aplicação prática da NBR 15965 se dá principalmente pela padronização e integração que ela proporciona aos projetos em BIM.
Com as tabelas de classificação e a terminologia padronizada da norma, escritórios de arquitetura, engenharia e empresas de construção conseguem “falar a mesma língua” dentro de um projeto.
Ou seja, um mesmo elemento de construção terá o mesmo código e nome padronizado em todos os softwares e documentações, eliminando ambiguidades.
Na prática, diferentes equipes podem colaborar em um modelo BIM com muito mais facilidade, pois todos utilizam as mesmas referências e classificações para os objetos e processos.
Qual é a importância da NBR 15965?
A NBR 15965 é peça-chave para que o BIM deixe de ser “só tecnologia” e passe a ser política pública e padrão de mercado.
Com um sistema nacional de classificação alinhado à ISO 12006-2, ela cria a linguagem comum que sustenta interoperabilidade entre disciplinas, softwares e fases do ciclo de vida.
Essa base técnica dá respaldo regulatório para o poder público exigir BIM em licitações — como previsto no Decreto nº 10.306/2020 — e se conecta à Estratégia BIM BR (Decreto nº 9.983/2019), que coordena a disseminação do BIM no país.
Resultado: processos mais comparáveis, auditáveis e produtivos em obras públicas e privadas. Conheça algumas vantagens na prática:
- Linguagem única e menos ambiguidades: a NBR 15965 padroniza termos e códigos para objetos, processos, recursos e resultados, reduzindo ruído entre equipes e melhorando a qualidade da informação que circula no modelo. Isso segue o arcabouço da ISO 12006-2 para sistemas de classificação do ambiente construído.
- Interoperabilidade real entre softwares e times: a classificação consistente facilita o intercâmbio de dados ao longo do ciclo de vida, aumentando a colaboração e a rastreabilidade.
- Base regulatória para contratos públicos: com a norma e os decretos, órgãos federais podem padronizar exigências, definir fases de adoção e exigir entregáveis BIM de forma gradual e consistente em processos de contratação.
- Produtividade e redução de retrabalho: a padronização melhora especificações, compatibilização e geração de quantitativos (4D/5D), diminuindo improvisos e erros.
- Orçamentação e medições mais consistentes. ao ligar elementos e “work results” a códigos padronizados, o modelo conversa melhor com orçamento, memorial e plano de contas, fortalecendo auditoria e comparabilidade entre obras.
- Governança de dados e compliance. a classificação apoiada pela NBR 15965 dá estrutura para requisitos, entregáveis e revisões, facilitando auditorias e integração com CDEs em programas públicos (FNDE, DNIT, etc.).
- Alinhamento a padrões internacionais. o framework da ISO 12006-2 foi desenhado justamente para harmonizar sistemas nacionais e apoiar a troca de informação com outras referências (ex.: IFC), abrindo portas para cadeias globais.
Organizando “quem faz o quê, com quais recursos e para gerar quais resultados”, a NBR 15965 transforma o BIM em um processo totalmente padronizado.
Isso beneficia desde o estudante que começa no Revit até o gestor público que precisa comparar propostas e medir desempenho.
Como surgiu a NBR 15965?

A criação da NBR 15965 foi motivada pela necessidade de preparar o setor da construção civil brasileiro para a inovação do BIM.
Em 2009, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) instaurou a Comissão de Estudo Especial de Modelagem de Informação da Construção (ABNT/CEE-134), encarregada de desenvolver normas técnicas sobre BIM.
Nesse contexto, o Brasil acompanhava movimentos internacionais de normalização: em 2010 foi publicada, via ABNT, a norma ISO 12006-2:2010, que estabelecia diretrizes para criar sistemas de classificação na construção.
Essa norma internacional serviu de referência estrutural para o trabalho que viria a seguir.
Em 2011, iniciaram-se os trabalhos para desenvolver a primeira norma técnica brasileira de BIM, a ABNT NBR 15965.
O processo de elaboração foi dividido em etapas, planejando a publicação em sete partes conforme mencionamos.
As três primeiras partes foram lançadas nos anos seguintes: a Parte 1 em 2011, a Parte 2 em 2012 e a Parte 3 em 2014.
Cada parte detalhava uma porção do sistema de classificação. As partes restantes passaram por consultas nacionais e foram sendo finalizadas posteriormente.
Desde o início, o objetivo central da norma, conforme explicado pelo coordenador da comissão da ABNT, Wilton Catelani, foi assegurar que todos os profissionais de um projeto utilizem termos padronizados, de modo que as informações passadas de uma fase para outra sejam perfeitamente compreendidas por todos.
Em outras palavras, a NBR 15965 surgiu para garantir que o uso do BIM no Brasil fosse efetivo e integrado, sem perda de informações entre as diversas etapas de planejamento.
Esse esforço de normatização levou alguns anos, mas estabeleceu as bases para que o BIM pudesse se difundir de maneira consistente no país.
Quais são os desafios da NBR 15965?
Implementar a NBR 15965 na prática apresentou alguns desafios significativos para profissionais e empresas, especialmente nos anos iniciais.
Um dos principais pontos foi a falta de compreensão profunda dos conceitos e das tabelas da norma.
Por se tratar de uma novidade na indústria, muitos profissionais de arquitetura e engenharia precisaram se familiarizar com a ideia de classificar cada elemento do projeto segundo códigos padronizados – algo bem diferente do que estavam acostumados.
A curva de aprendizado fez com que alguns tivessem dificuldade em assimilar a metodologia BIM em si, já que o Brasil ainda dava seus primeiros passos rumo à digitalização completa dos projetos de construção civil.
Além disso, também houve resistência cultural e tecnológica, igual aconteceu na transição dos projetos feitos à mão para CAD. No BIM não foi diferente.
Enquanto em países da Europa e América do Norte a migração para processos digitais ocorreu já nos anos 1980, aqui no Brasil essa consolidação só veio nos anos 1990.
Muitos escritórios mantinham processos tradicionais e enfrentavam dificuldades de comunicação entre equipes, o que é contrário ao espírito colaborativo do BIM.
Além disso, faltava uma visão multidisciplinar em alguns projetos e domínio em modelagem 3D, fatores críticos para aproveitar o BIM ao máximo.
A boa notícia é que, passados mais de 10 anos desde a criação da NBR 15965, vários desafios iniciais foram sendo superados.
A transformação digital no setor avançou, novas normas e guias BIM surgiram para complementar a NBR 15965, e hoje existe muito mais material de capacitação disponível.
Além disso, as empresas e as universidades estão cada vez mais engajadas em formar profissionais fluentes em BIM e em sua normatização.
Ainda há o que melhorar, mas o caminho trilhado até agora mostra uma evolução constante.
A NBR 15965 continua sendo uma referência fundamental, e compreender seus conceitos é passo obrigatório para quem deseja atuar com BIM de forma profissional no Brasil.

Bárbara Pavanello
CEO | Blocks®
“Olha, quando a gente fala de BIM no Brasil, a NBR 15965 é a base de tudo. Sem uma gramática comum, cada equipe nomeia e mede de um jeito, e o resultado é retrabalho, perda de informação e orçamento que não conversa com o modelo. A norma faz o oposto: padroniza termos, códigos e relações entre processos, recursos e resultados. Isso dá rastreabilidade, facilita auditoria e permite interoperar entre softwares e contratos. Na prática, ajuda do estudante que modela a porta ao gestor que paga a obra. Com classificação clara, o BIM vira método de gestão, não só tecnologia bonita na tela.”
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Conclusão
A NBR é um grande divisor de águas no BIM no Brasil, oferecendo um sistema unificado de classificação que traz ordem e padronização.
Com isso, foi possível que o BIM se desenvolvesse em território nacional, o que conectou profissionais de inúmeras disciplinas em torno de um vocabulário comum.
Hoje, com a transformação digital em curso na construção civil, entender e aplicar a NBR 15965 é mais relevante do que nunca para garantir projetos eficientes.
Lembre-se: adotar padrões pode parecer trabalhoso no início, mas os benefícios em produtividade e qualidade compensam muito!
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