Oscar Niemeyer nunca foi apenas um mestre da arquitetura: foi um gênio”, afirma o professor e pesquisador de Arquitetura da FAU-SP Rodrigo Queiroz.
Oscar Niemeyer é o arquiteto responsável por projetos icônicos como o Edifício Copan, o Congresso Nacional, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha e muitos outros.
Como um dos maiores ícones da arquitetura moderna brasileira, sua trajetória e seus projetos são de extrema importância para a história do Brasil.
Vamos conhecer um pouco mais sobre os projetos e a vida de Oscar Niemeyer? Continue com a Blocks® e boa leitura!
Quem foi Oscar Niemeyer?

Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho, nascido em 15 de dezembro de 1905, no Rio de Janeiro, foi um arquiteto brasileiro, considerado pai da arquitetura modernista.
Niemeyer, como muitos conhecem, foi o grande responsável por dar forma ao sonho de Brasília, a capital do Brasil.
No entanto, não podemos dar os créditos apenas pelo projeto arquitetônico de Brasília. Niemeyer também foi reconhecido por projetar ícones nacionais e internacionais que ainda são considerados ousados.
Formado na Escola Nacional de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Niemeyer mergulhou no mundo da arquitetura moderna influenciado pelas ideias de Le Corbusier.

Oscar Niemeyer
1907 – 2012
“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu País, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, nas nuvens do céu, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o Universo – o Universo curvo de Einstein.”
Feira Mundial de Nova York

Em 1938, o Ministério do Trabalho abriu um concurso nacional para escolher o projeto do Pavilhão do Brasil que representaria o país na Feira Mundial de Nova York de 1939-40.
Em 1939, Oscar participou da feira, juntamente com Lúcio Costa, para mostrar suas ideias para o projeto. Costa ficou em primeiro lugar e Niemeyer em segundo.
Após os resultados saírem, Lúcio Costa convidou Niemeyer e Paul Lest Wiever (arquiteto urbanista alemão) para fundir ideias para construir o Pavilhão do Brasil.
Oscar não esperava que tal feito mudaria sua trajetória.
Foi com esse projeto que Niemeyer ganhou visibilidade internacional, mostrando sua marca registrada modernista, com curvas esculturais e o uso expressivo de água. Ao lado de Lúcio Costa, ele rompeu com o racionalismo rígido da época, apresentando rampas sinuosas e fachadas recortadas que chamaram a atenção de críticos e autoridades.
Seu trabalho impressionou tanto na época, que o prefeito Fiorello La Guardia chegou a presenteá-lo com as chaves de Nova York.
O grande êxito no Pavilhão do Brasil gerou ótimos convites para Niemeyer, como o Conjunto da Pampulha (1940-45) e o Ministério da Educação e Saúde (1947), em parceria com Le Corbusier.
A criação de uma nova capital para o Brasil

Em 19 de setembro de 1956, foi regulamentada por lei a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), criada para executar a nova capital.
No ano seguinte, em 1957, a Novacap estabeleceu seu Departamento de Urbanismo e Arquitetura sob a chefia- técnica de Oscar Niemeyer, convidado diretamente por Juscelino Kubitschek, oficializando o seu papel na construção de Brasília.
Em 12 de março de 1957 foi aberto o Concurso Nacional para o Plano Piloto da Nova Capital. O júri, presidido por Israel Pinheiro (presidente da Novacap) e composto por outros representantes (entre eles Niemeyer), do IAB, do Clube da Engenharia e especialistas estrangeiros, avaliou 26 propostas.
Em 16 de março de 1957, o júri decidiu que o projeto vencedor para o Plano Piloto seria do de Lúcio Costa.
Agora urbanista-chefe do projeto Plano Piloto, Lúcio indicou Oscar Niemeyer, já diretor técnico da Novacap do Departamento de Urbanismo e Arquitetura, junto ao presidente da Novacap (Israel Pinheiro), para assumir especificamente o desenho dos edifícios-monumentos dentro do plano vencedor.
E, assim, começou o projeto de Brasília por Oscar Niemeyer, juntamente com Lúcio Costa.
Quais são as principais obras de Oscar Niemeyer?
Não só de Brasília vive a história de Oscar Niemeyer, o arquiteto também já projetou outros monumentos históricos que marcaram a arquitetura brasileira.
Vamos conhecê-los? Então, continue conosco!
1. Ministério da Educação e Saúde (Edifício Palácio Gustavo Capanema)

Em 1936, foi convidado pelo ministro Gustavo Capanema e Lúcio Costa para projetar a nova sede do Ministério da Educação e Saúde, no Rio de Janeiro.
Embora Costa tivesse a liderança inicial, Niemeyer foi incorporado à equipe e, após a partida de Le Corbusier, assumiu o projeto.
Com isso, Niemeyer adaptou o esquema corbusiano de pilotis, fachadas livres e brises-soleil, tornando-as ajustáveis e integradas ao paisagismo de Roberto Burle Marx.
O projeto foi concluído em 1943, hoje conhecido como “Edifício Gustavo Capanema”, sendo considerado o primeiro grande marco do modernismo estatal no mundo.
2. Pavilhão Brasileiro na Feira Mundial de Nova York

Em 1939, Niemeyer foi convidado por Lúcio Costa para projetar o Pavilhão Brasileiro.
Pensado para ser uma obra efêmera, o Pavilhão Brasileiro de 1939 durava “apenas uma estação”.
O projeto já trazia na sua essência a teatralidade que se tornaria marca da arquitetura de Oscar Niemeyer.
Com um toque de graça, leveza e porosidade, o Pavilhão foi projetado como um espetáculo itinerante — sua estrutura parecia um cenário de teatro.
Apesar de seu caráter futurista, o projeto conversa com tradições clássicas e vernáculas: a organização axial, o pátio e o peristilo remetem às vilas romanas.
Das curvas do acesso ao uso expressivo da água, passando até pelas plantas amazônicas: tudo calculado para representar, de forma poética, o espírito do país.
3. Conjunto Arquitetônico da Pampulha
Já na virada dos anos 40, Brasil afora, Niemeyer deu sequência ao seu amor pelas curvas no Conjunto da Pampulha, em Belo Horizonte.
Encomendado por Juscelino Kubitschek em 1940, o complexo incluiu a Igreja de São Francisco de Assis, o Museu de Arte de Pampulha, a Casa do Baile e outros edifícios em torno da lagoa artificial.
A escolha de Niemeyer, ainda jovem, refletia seu prestígio obtido no Pavilhão do Brasil em Nova York, e serviu como base às ambições que viriam mais tarde em Brasília.
Reconhecido em 2016 como Patrimônio Mundial pela UNESCO, o Conjunto de Pampulha é celebrado por “explorar o potencial plástico do concreto” e por “fundir arquitetura, paisagismo, escultura e pintura num todo harmonioso”.
Hoje, ele permanece como um cartão-postal de Belo Horizonte, além de um marco histórico na história da arquitetura brasileira.
4. Edifício Copan
Nos anos 1950, o horizonte paulistano uma edificação que ficaria marcada pelo resto da história da arquitetura brasileira: o Edifício Copan.
Idealizado para o IV Centenário de São Paulo (evento de celebração dos 400 anos do município de São Paulo), seu corpo em “S”, composto por 32 andares e seis blocos, abrigou mais de mil apartamentos de diferentes classes sociais, integrados a lojas e restaurantes no térreo.
É nesse cenário de verticalização que a arquitetura de Oscar Niemeyer encontrou terreno fértil para se manifestar.
A assinatura formal de Niemeyer aparece nas linhas sinuosas que quebram a rigidez do horizonte paulistano: a fachada em “S” funciona como um gesto contínuo que corta o ar, enquanto os brises horizontais reforçam o desenho ondulado e protegem os interiores do sol forte.
O valor histórico e arquitetônico do Copan foi reconhecido oficialmente: tombado pelo PHAN em 2007 e pela CONPRESP em 2012, ganhando status legal de proteção que garante a conservação de suas características originais.
5. Palácio da Alvorada
Passando para Brasília, quando a capital entrou em obra, Niemeyer já era a escolha natural para projetar seus monumentos.
Em abril de 1957, começou a construção do palácio da Alvorada, primeira edificação de alvenaria da nova capital, marcada por colunas sinuosas que parecem flutuar sobre o terreno.
Com cerca de 7.000m² distribuídos em subsolo, térreo e segundo andar, o Palácio possui funções residenciais e cerimoniais.
No subsolo estão o cinema, a lavanderia e o centro médico. Já no térreo, estão o salão de Estado, biblioteca e mezanino. Acima, os aposentos privados do Presidente.
O projeto foi concluído em 1958, seu nome foi batizado por Juscelino Kubitschek: “Que é Brasília, senão a alvorada de um novo dia para o Brasil?”.
6. Palácio do Planalto

A construção do Palácio do Planalto teve início em 10 de julho de 1958, com elegantes “velas” curvas em sua fachada e base elevada sobre pilotis delgados.
O Planalto foi inaugurado junto com o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) em 21 de abril de 1960, durante as cerimônias de transferência da capital, simbolizando ao mesmo tempo o poder e a leveza.
A arquitetura do Palácio do Planalto é um relato brilhante da arquitetura de Oscar Niemeyer: a pureza das linhas, com forte predomínio de traços horizontais, se conecta com toques de curvas que dão um toque de leveza ao concreto armado.
No fim da vida de Oscar Niemeyer, o Palácio do Planalto foi palco do velório do arquiteto, em 2012 — realizado na rampa presidencial.
7. Congresso Nacional
O Congresso Nacional é, sem dúvida, uma das maiores e mais importantes criações de Oscar Niemeyer.
Inaugurado em 21 de abril de 1960 como parte das cerimônias de transferência da capital, se tornou símbolo do Poder Legislativo e também força do modernismo brasileiro.
Durante o desenvolvimento do projeto, Niemeyer apostou na clareza de um bloco-plataforma horizontal sobre o qual se assentam duas semi-esferas opostas, flanqueadas por duas torres-anexo de 28 pavimentos voltadas à administração e aos escritórios.
A cúpula invertida do Senado foi um dos maiores desafios do engenheiro Joaquim Cardozo, parceiro de Niemeyer na obra.
8. Catedral
Outro exemplo icônico da arquitetura de Oscar Niemeyer é a Catedral Metropolitana.
Em vez de optar por um volume pesado, Niemeyer concebeu um gesto leve, sendo seis arcos estreitos, que se curvam para o alto em forma de coroa de espinhos.
Cada uma das 16 colunas atinge cerca de 60 metros de altura, tocando o solo por um único vértice e abrindo para o céu.
No interior, a catedral transforma luz em matéria, pensada pela única mulher que participava da equipe de Niemeyer em Brasília: Marianne Peretti.
Marianne desenhou 16 painéis de vitral com mais de 30 metros de altura cada, combinando tons de azul, verde e âmbar que filtram a luz para dentro da Catedral.
Na parte externa da Catedral, logo na entrada, podemos ver quatro esculturas em bronze de três metros de altura, criadas por Alfredo Ceschiatti em parceria com Dante Croce.
9. Palácio Itamaraty
Para fechar os monumentos de Brasília com chave-de-ouro, não podíamos deixar de fora o Palácio Itamaraty, apelidado de “Palácio dos Arcos”.
Finalizado em 21 de abril de 1970, o Palácio Itamaraty é a sede do Ministério das Relações Exteriores e fruto da parceria entre Niemeyer e Joaquim Cardozo, com paisagismo assinado por Roberto Burle Marx.
O projeto saiu do papel a partir de 1959, quando o então embaixador Wladimir Murtinho, à frente da comissão de transferência do MRE, demarcou as necessidades diplomáticas.
No grande espelho d’água, existe uma escultura de Bruno Giorgi, em mármore branco de Carrara, pesando mais de cinquenta toneladas. Encomendado em 1967 e premiado em Milão, o Meteoro simboliza os laços diplomáticos entre os cinco continentes.
10. Museu de Arte Contemporânea de Niterói
O Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), inaugurado em 2 de setembro de 1996 no alto do Mirante da Boa Viagem, é um dos principais monumentos do Rio de Janeiro da arquitetura de Oscar Niemeyer.
O monumento fica suspenso sobre a Baía de Guanabara e abriga um acervo de 1.217 obras de arte contemporânea brasileira.
Parecendo quase que uma “nave espacial”, o MAC é um cilindro perfeito em balanço, apoiado em um único “pé” de concreto.
Uma das curiosidades do MAC é que ele foi adotado como um dos principais pontos turísticos de Niterói, simbolizando o “efeito Niemeyer” na valorização urbana local.
11. Museu Oscar Niemeyer
Por fim, o Museu Oscar Niemeyer (MON), carinhosamente apelidado de “Museu do Olho”, é um dos exemplos mais contundentes da arquitetura de Oscar Niemeyer.
Inaugurado em 22 novembro de 2002 com o nome de “Novo Museu” e reinaugurado em 8 de julho de 2003 como Museu Oscar Niemeyer, ele ocupa um terreno de 35.000 m², dos quais 17.000 m² são dedicados a exposições.
Além de sua arquitetura singular, o MON chama a atenção pelo acervo, contando com cerca de 14 mil obras de artes visuais, arquitetura e design, com exposições livre ao público.
Em 2014, a construção foi considerada pela CNN como um dos 20 lugares mais bonitos do Brasil e anualmente fica entre os museus mais visitados no mundo.
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Conclusão
E assim, a Arquitetura de Oscar Niemeyer nos mostra que o concreto pode ser mais do que simples estrutura: ele é gesto, movimento e encontro.
Cada curva desenhada por Niemeyer não existe apenas para encantar o olhar, mas para abrir espaços de convívio, refletir nossa identidade e convidar você a caminhar por dentro de um sonho coletivo.
Quando você cruza a rampa da Catedral ou sente a leveza das colunas do Planalto, percebe que ali não havia apenas um arquiteto preocupado com técnica, mas alguém que acreditava no poder transformador da forma.
É essa combinação de ousadia e humanidade que faz a obra de Niemeyer resistir ao tempo e inspirar quem escreve, quem projeta e quem vive a cidade.
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