Ei, arquiteto! Imagine entrar em um prédio antigo, ligar um scanner laser e, em poucas horas, ter um modelo 3D digital detalhado dessa construção pronto para usar no computador.
Parece coisa do futuro, né? E se dissermos que esse futuro já chegou e se chama especificamente Scan to BIM.
O Scan to BIM (ou “escaneamento para BIM”, em tradução livre) é uma tecnologia que converte um ambiente físico real em um modelo 3D com escaneamento a laser.
Essa é uma ferramenta extremamente útil para arquitetos e engenheiros, mas nem todos sabem como e quando utilizá-la.
Por isso, neste artigo, vamos entender o que é Scan to BIM, quando vale a pena utilizá-lo e como funciona na prática.
Vamos lá? Então, boa leitura!
O que é Scan to BIM?
O Scan to BIM é nada mais do que o processo de digitalizar um espaço ou construção existente (geralmente por meio de scanners a laser 3D) e transformar em um modelo BIM (Building Information Modeling).
No Scan to BIM, primeiramente, o espaço é escaneado a laser e é gerado uma nuvem de pontos: um conjunto massivo de pontos medidos pelo scanner que representa toda a geometria do local em 3D.
A partir desta nuvem de pontos, é construído um modelo que pode ser transportado para um algum software BIM. Com isso, o profissional irá “desenhar” por cima da nuvem de pontos o modelo em BIM.
Quando utilizar o Scan to BIM?
Mas afinal, quando utilizar o Scan to BIM? A resposta curta e direta é: sempre que você precisar de um modelo digital de algo que já existe fisicamente. Por exemplo:
- Projetos de reforma e retrofit: ao trabalhar em reformas, é fundamental conhecer exatamente o que já está construído. O scan to BIM permite levantar rapidamente a estrutura existente de uma casa, prédio comercial ou indústria, mesmo quando os desenhos originais estão defasados ou perdidos. Com um modelo as built confiável em mãos, evitam-se surpresas durante a obra e reduz-se o risco de erros de projeto
- Preservação de edificações históricas: edifícios históricos geralmente não têm plantas atualizadas e podem ter sofrido modificações ao longo do tempo. Escanear esses edifícios em 3D gera um registro digital detalhado de cada elemento arquitetônico, o que ajuda especialistas a replicar detalhes e planejar intervenções sem comprometer a integridade estrutural
- Acompanhamento de obras em andamento: o scan to BIM não serve apenas para construções antigas. Ele também pode ser usado durante a construção de um projeto novo. Ao fazer varreduras periódicas do canteiro de obras, é possível comparar a nuvem de pontos atual com o modelo BIM planejado, detectando desvios ou diferenças em relação ao projeto.
- Facility Management: depois que a obra termina, o modelo gerado via scan to BIM continua útil. Gestores de manutenção podem usá-lo para mapear instalações prediais (como tubulações, equipamentos, estruturas) e planejar reparos ou inspeções de forma mais eficiente.
Ou seja, vale a pena usar o Scan to BIM sempre que for necessário ter um conhecimento detalhado sobre uma construção já feita.
Por isso, essa funcionalidade é muito utilizada por historiadores, arquitetos e engenheiros que necessitam entender como funciona uma construção histórica.
Como funciona o Scan to BIM?
Já explicamos brevemente como funciona o Scan to BIM, no entanto, se você deseja utilizá-lo de verdade, é importante saber detalhadamente todos os passos de uso.
Está pronto para conhecer? Então, vamos lá!
1. Identificação de requisitos
Tudo começa definindo por que e o que será escaneado.
Na fase inicial, a equipe precisa identificar claramente os requisitos do projeto, como: qual é o objetivo do levantamento 3D? Quais áreas ou elementos do edifício precisam de maior nível de detalhamento?
Se o foco é uma reforma de fachada, por exemplo, talvez os interiores não precisem ser digitalizados com alta resolução.
Então, na primeira fase do Scan to BIM, é preciso saber o objetivo do seu projeto para economizar tempo de renderização e focar no que realmente importa.
2. Planejamento de digitalização
Com os requisitos em mente, está na hora de planejar como realizar a digitalização.
Temos que decidir quais tecnologias e equipamento usar, além da estratégia de varredura.
Por exemplo: será utilizado um laser scanner terrestre montado em tripé, um scanner móvel de mão ou drone para áreas externas amplas?
Cada método de digitalização tem suas vantagens e desvantagens. Os scanners fixos geralmente são mais precisos, enquanto os móveis e drones são mais rápidos.
Durante o planejamento, também é importante planejar posições de escaneamento para cobrir todos os ângulos do local, evitando os pontos cegos.
Se você estiver escaneando uma edificação grande, recomenda-se dividir o processo em setores.
3. Digitalização
Com o objetivo em mente o planejamento de digitalização pronto, está na hora da digitalização em campo. Ou seja, a varredura 3D propriamente dita.
Aqui, como dito anteriormente, os scanners a laser vão capturar milhões de pontos por segundo do ambiente real.
Ao longo do processo, o scanner emitirá feixes de luz e calculará a distância de cada elemento a partir do tempo que o feixe leva para ir e voltar.
O resultado imediato é uma nuvem de pontos tridimensional, extremamente rica em informações.
Para você ter noção, existem equipamentos que coletam 2 milhões de pontos por segundo, chegando a cerca de 600 milhões de pontos em uma varredura de 5 minutos.
Esses “pontinhos” analisam tudo que foi visto: paredes, pisos, tetos, pilares, móveis, tubulações aparentes, entre outros.
Quando tudo for escaneado com sucesso, o resultado final é uma nuvem de pontos completa do local escaneado que irá para algum software BIM.
4. Decifração de dados digitalizados
Com a nuvem de pontos obtida, já podemos entrar na fase de processamento e interpretação dos dados.
Primeiramente, você deve escolher um software especializado para limpar e organizar a nuvem de pontos.
Um exemplo é o Autodesk ReCap Pro, uma das ferramentas mais populares para lidar com dados de laser scan.
A limpeza é fundamental para remover objetos temporários captados sem querer — como alguém que passou no ambiente durante o escaneamento.
Com a nuvem de pontos limpa, o passo seguinte é decifrar ou extrair informações. Podemos fazer isso de duas formas: manualmente ou de maneira automatizada.
Manualmente, um profissional importa a nuvem em um software BIM e começa a “desenhar por cima”, ajustando planos para identificar onde estão paredes e outros pontos de interesse.
Por outro lado, na forma automatizada, existem plugins e ferramentas de reconhecimento que procuram identificar automaticamente os elementos na nuvem e geram primitivas em BIM.
A decisão de como decifrar a nuvem de pontos é sua. Se você precisa de algo mais detalhado, talvez a melhor opção seja manual. Agora, se precisar de algo rápido, os plugins podem ser uma boa pedida.
5. Modelagem em BIM
Agora, com a nuvem de pontos em mãos, está na hora de modelar em BIM. Você pode utilizar softwares como o Revit, ArchiCad ou Vectorworks para isso.
O profissional responsável pela modelagem em BIM, irá “desenhar” no software conforme o que foi visto na nuvem de pontos.
No caso do BIM, o profissional irá pegar a nuvem de pontos e irá “desenhar” o elemento desejado de acordo com o captado pelo scanner.
Além de modelar a partir do escaneamento, o profissional, nesta etapa, também irá adicionar informações no modelo: como materiais, ano de construção, estado de conservação, medidas, etc.
Ou seja, é aqui que você transforma o escaneamento em um material tridimensional.
Qual é a importância do Scan to BIM?
Talvez você deve estar se perguntando: todo esse processo vale a pena?
Sinceramente, dependerá dos seus objetivos. Se você precisa escanear uma construção histórica que não tem modelos digitais, certamente vale a pena.
Agora, se você precisa apenas reproduzir digitalmente um simples quarto de apartamento, é bem provável que não precise.
No entanto, isso não tira a importância do Scan to BIM em projetos arquitetônicos. Alguns benefícios de utilizar a função são:
- Detalhamento extrema: levantamentos com scanner 3D alcançam um nível de detalhamento e exatidão muito maior que métodos manuais. Um estudo já destacou que o laser scanning consegue registrar uma edificação com precisão muito superior às técnicas tradicionais, minimizando erros e reduzindo retrabalhos de campo.
- Economia de tempo: embora pareça trabalhoso, usar scan to BIM pode ser muito mais rápido do que métodos convencionais de medição. Técnicas tradicionais de levantamento arquitetônico (trena, papel, instrumentos manuais) podem levar semanas para cobrir um prédio grande e estão sujeitas a falhas humanas.
- Redução de trabalho: tempo é dinheiro, e a precisão também se traduz em economia. Ao diminuir erros nas informações iniciais, o scan to BIM ajuda a evitar retrabalhos caros mais adiante. Conflitos de projeto que seriam descobertos tardiamente (por exemplo, uma viga existente “surpresa” que não constava em planta) são eliminados, evitando mudanças de última hora na obra.
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Conclusão
O scan to BIM é uma revolução na maneira que capturamos as informações de construções já existentes.
Mais do que um luxo, o scan to BIM está se tornando uma prática cada vez comum e essencial em projetos de arquitetura, design de interiores, engenharia e construção civil.
Afinal, em um setor onde cada milímetro conta e cada erro pode custar caro, ter uma base confiável faz toda a diferença.
Encerrando nosso papo, fica o convite para você se manter atualizado e aprofundar seus conhecimentos em BIM.
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