Durante a execução de qualquer obra, ajustes e modificações no projeto original são praticamente inevitáveis.
Mudanças de última hora, imprevistos no canteiro ou adaptações solicitadas pelo cliente podem alterar plantas e planos iniciais.
Para registrar todas essas alterações e garantir que nada se perca, existe um documento fundamental conhecido como As Built.
Mas afinal, o que é as built, para que serve e como ele funciona na prática? A Blocks vai esclarecer todas essas questões neste artigo.
Vamos começar? Então, boa leitura!
O que é As built?
Afinal, o que é as built? As Built é um conjunto de documentos técnicos que mostram exatamente como a obra foi executada de verdade, e não apenas como estava planejada originalmente.
É a versão final do projeto que incorpora todas as modificações realizadas ao longo da construção ou reforma.
Em um projeto As Built, os profissionais de arquitetura e engenharia registram em plantas, desenhos, esquemas e memoriais descritivos todas as mudanças feitas durante a obra.
Nesses registros é incluso informações como: posição real de paredes, divisórias, portas e janelas, o trajeto de tubulações hidráulicas, a localização exata de fiações e pontos elétricos, sistemas de ar-condicionado e outros elementos instalados.
Em outras palavras, o As Built é a documentação total de toda a construção final, servindo como um espelho da obra concluída — podendo ser atualizado quando necessário.
Por exemplo, se durante a execução uma parede mudou de lugar, uma coluna estrutural foi adicionada ou uma rede elétrica teve seu trajeto alterado, tudo isso deve constar no projeto As Built.
No final das contas, o arquiteto e o engenheiro terão um dossiê técnico completo, com todas as informações reais do projeto.
Isabela Guedes
Engenheira Civil | Coordenadora de Marketing na Blocks®
“É recomendado que você adote desde o início da obra um fluxo integrado entre campo e escritório: use tablets ou aplicativos BIM móveis, como o BIM 360, para anotar cada alteração “in loco”, fotografe imediatamente as divergências e sincronize esses dados em tempo real. Assim, você garante que o projeto “como construído” reflita com precisão a realidade, o que reduz grandes remontagens de documentos no final do projeto.”
Para que serve o As built no projeto?
Saber o que é as built não basta, é preciso entender para que ele serve na prática dentro de um projeto.
O As Built tem várias finalidades importantes no ciclo de vida de uma obra, todas voltadas a assegurar a transparência, segurança e eficiência após a conclusão da construção.
Em geral, ele serve como uma documentação precisa e atualizada da construção, funcionando como um “manual” do edifício tal como foi entregue.
Para ficar mais claro, a seguir, separamos as principais utilidades do As Built. Vamos conhecê-las?
Documentação completa e fiel da obra

Em primeiro lugar, o As Built fornece uma documentação completa e fiel da obra.
Durante a construção, acontecem alterações por inúmeros motivos, sejam adequações técnicas, mudanças de escopo ou improvisos necessários.
Toda essa mudança é registrada pelo As Built, o que cria um conjunto de plantas e documentos que refletem exatamente o que foi feito.
Ou seja, após a conclusão, o que está no As Built é o que existe no edifício, sem discrepâncias — o que é fundamental para a construção.
Otimização de manutenções e reparos futuros

Outra finalidade que não podemos esquecer é a facilitação de manutenções e reparos futuros.
Com as plantas atualizadas em mãos, equipes de manutenção conseguem localizar facilmente tubulações hidráulicas embutidas, conduítes elétricos, vigas estruturais e outros elementos “ocultos” na construção.
Essas funcionalidades do As Built reduzem drasticamente o risco de erros ao perfurar uma parede ou mexer em alguma instalação, evitando danos acidentais.
Por exemplo, se for necessário reparar um cano ou fiação anos depois da obra, o As Built permitirá identificar rapidamente onde passam esses componentes, agilizando o conserto e evitando o retrabalho desnecessário.
Mais segurança e menos riscos

Além disso, o As Built também traz mais segurança e menos riscos em intervenções futuras.
Com um histórico detalhado da obra em mãos, causados por desconhecimento da estrutura.
Por exemplo, imagine iniciar uma reforma sem saber exatamente por onde passam os cabos elétricos ou tubulações de gás existentes. As chances de acontecer um acidente são grandes.
Agora, com o As Built, esse cenário pode ser evitado, pois os profissionais terão um mapa claro do que existe por trás de paredes e pisos, protegendo a integridade do imóvel.
Facilidade em qualquer reforma ou ampliação

Contar com um projeto As Built facilita muito qualquer reforma ou ampliação que o cliente deseje fazer no futuro.
Para os engenheiros e arquitetos que forem projetar modificações, ter a configuração real da construção como ponto de partida é uma grande vantagem.
O As Built funciona como base confiável para novos projetos, permitindo que os profissionais já comecem o planejamento sabendo exatamente com o que vão lidar.
Querendo ou não, isso torna o processo de reforma mais rápido, preciso e econômico, pois minimiza surpresas e incompatibilidades entre o que se planeja e o que está construído.
Cumprimento de normas e exigências legais

Por fim, o As Built ajuda no cumprimento de normas e exigência legais, pois, em muitos casos, órgãos públicos e entidades reguladoras exigem a apresentação dos desenhos “como construído” para conceder licenças.
Ou seja, isso significa que ter o As Built pronto é sinônimo de responsabilidade documental, o que comprova que a construção foi feita dentro das normas vigentes.
Por exemplo, em eventuais auditorias ou fiscalizações técnicas, o As Built serve como uma garantia documental de que a edificação segue todas as exigências de segurança e regulamentação.
O que deve estar incluso no As Built?

Para que seus desenhos “as-built” fiquem realmente completos e úteis, é fundamental registrar todas as alterações ocorridas em relação ao projeto original nos seguintes aspectos:
Localizações: anote toda e qualquer mudança na posição de portas, esquadrias de janelas, pontos de hidráulica, marcenaria ou qualquer outro elemento essencial.
Materiais: registre as variações de materiais usados sempre que houver substituições ou ajustes em relação ao plano inicial.
Dimensões: documente todas as modificações nas medidas de qualquer componente construtivo, garantindo precisão milimétrica.
Instalações: liste as alterações específicas nas instalações de sistemas – HVAC, elétrico, janelas, automatizações, enfim, tudo o que envolva montagem ou integração de componentes.
Fabricações: registre as atualizações feitas em peças pré-fabricadas, como colunas, vigas, corrimãos e demais elementos estruturais ou decorativos.
Observação importante: além dos desenhos, complemente com documentos de apoio — anotações de campo, relatórios, fotografias ou até imagens de satélite — para enriquecer o memorial descritivo e oferecer contexto visual ao resultado final.
Com esses registros bem organizados, você garante que o “as-built” reflita fielmente o que foi executado em obra, servindo como um guia seguro para manutenções futuras, reformas ou verificações de conformidade.
Qual é sua importância em um projeto?
É inegável que a importância do As Built em um projeto de construção civil é enorme!
Não estamos falando de apenas um documento opcional, mas de um elemento indispensável que garante a qualidade e a segurança de uma construção.
Do ponto de vista da segurança, sua relevância é inquestionável. Imagine a equipe de bombeiros precisando acessar o registro geral de água durante uma emergência e não encontrá-lo. Atrasos em situações críticas têm consequências graves.
Financeiramente, o investimento na elaboração de um As Built se paga rapidamente. Os custos de retrabalho e prospecção são muito superiores ao custo de documentar alterações durante a obra.
Além disso, ele é essencial para a gestão do conhecimento, pois a equipe que construiu o edifício não estará lá para sempre.
O As Built perpetua o conhecimento sobre a construção, o que permite que os futuros gestores, proprietários e equipes de manutenção entendam a edificação profundamente.
Tipos de projeto As built

O As Built se aplica a todas as áreas do projeto, desde a parte arquitetônica até as instalações complementares.
Existe As Built de arquitetura, As Built de elétricos, hidráulicos, de sistemas de climatização, entre outros. Ou seja, quase tudo do universo AEC (arquitetura, engenharia e construção) pode virar As Built.
Em cada disciplina, a ideia é a mesma: documentar fielmente como ficou aquele sistema na construção real, com todas as mudanças implementadas.
Porém, além dessa classificação por disciplinas, podemos pensar nos tipos de projeto As Built em termos das fases em que são realizados dentro do processo construtivo.
Vamos conhecer mais um pouquinho sobre as fases de um projeto As Built!
Fases de execução
Na fase de execução, o As Built é desenvolvido paralelamente ao andamento da obra.
Conforme a construção vai sendo realizada, as alterações que surgem em relação ao projeto original já vão sendo identificadas e registradas pelos profissionais responsáveis.
Assim, os engenheiros, arquitetos ou técnicos de obra acompanham o canteiro com atenção às divergências: se uma parede foi deslocada, se houve troca de materiais, se um ponto de tomada mudou, etc.
Fase de conclusão
Já na fase de conclusão, o objetivo é consolidar todas as informações e produzir a documentação final “como construída” para entrega.
Assim que a obra chega ao fim, ou está prestes a ser finalizada, os profissionais iniciam um levantamento de toda a edificação, comparando o projeto original com o que foi efetivamente construído.
Essa é a hora de verificar cada detalhe: medir todos os ambientes para confirmar dimensões finais, checar se todas as mudanças identificadas durante a obra foram corretamente registradas e procurar por eventuais alterações de última hora.
Basicamente, é uma revisão minuciosa de tudo, o que garante que o projeto As Built reflita 100% da realidade.
Aqui, é comum utilizar ferramentas tecnológicas avançadas para aumentar a precisão e a eficiência do levantamento, como laser 3D, drones e, claro, softwares BIM.
Com os dados coletados na fase de conclusão, é feita a atualização final dos documentos.
Como o As built é feito?

Agora que vimos as fases e características do As Built, vamos detalhar como o As Built é feito passo a passo, do ponto de vista prático.
A elaboração de um projeto As Built precisa de um trabalho meticuloso e multidisciplinar, envolvendo tanto atividades de campo quanto de escritório.
De maneira geral, podemos dividir o processo em algumas etapas principais, realizadas pelos arquitetos, engenheiros ou técnicos designados para a tarefa.
- Reúna e analise a documentação original: antes de sair a campo, os profissionais precisam coletar todas as plantas, desenhos e especificações aprovadas inicialmente, incluindo projeto arquitetônico, estrutural, instalações elétricas, hidráulicas e outros.
Código de cores: os desenhos “as-built” seguem uma legenda padrão — vermelho para itens excluídos, verde para itens adicionados e azul para informações especiais.
- Levantamento em campo: em seguida, é feito o levantamento em campo, ou seja, visitas técnicas à obra já concluída para conferir in loco o que foi construído. Cada ambiente é medido, cada elemento é verificado.
- Documentação de divergências: também é necessário realizar a documentação de divergências. Uma boa prática é tirar fotografias datadas de cada ponto alterado, anexando referências dessas fotos às plantas. Além disso, também são feitas anotações detalhadas sobre medidas, materiais trocados, elementos reposicionados, instalações adicionadas ou removidas, etc.
- Atualização dos desenhos técnicos: concluída a visita de campo, começa a fase de atualização dos desenhos técnicos. Com todas as informações coletadas, os profissionais retornam ao computador e abrem os arquivos do projeto para corrigir e atualizar.
- Revisão técnica completa: antes de finalizar, é importante fazer uma revisão técnica completa dos documentos atualizados. Muitas vezes, esse processo de conferência é feito por um segundo profissional ou pelo coordenador do projeto, comparando os desenhos As Built com anotações de campo para ver se algo foi esquecido.
É importante ressaltar que, com os avanços tecnológicos, a elaboração do As Built ficou mais fácil e ágil.
Hoje já existem aplicativos de dispositivos móveis que permitem aos profissionais inserir dados do levantamento diretamente em modelos 3D no local, por exemplo.
O uso de modelos BIM, em especial, trouxe a vantagem de se poder atualizar um elemento no modelo tridimensional e já ter todos os cortes e vistas derivados consistentes automaticamente.
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Conclusão
Ficou claro o que é as built, para que serve e como funciona? Esperamos que sim!
O projeto As Built é nada mais que a documentação fiel de uma obra tal como ela foi entregue, incorporando todas as alterações feitas em relação ao plano original.
Em suma, o As Built se tornou uma ferramenta indispensável no ciclo de vida dos projetos de construção.
A maior parte dos arquitetos e engenheiros que contam com um bom As Built, podem prosseguir com intervenções futuras de maneira mais segura.
Por isso, nunca subestime o poder de um As Built bem feito, pois ele é o “elo” final que conecta o projeto em papel à realidade construída.
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