🎧 Sem tempo para ler? Então, dê um play e escute nosso artigo!
Se você é apaixonado por arquitetura moderna, certamente já deve ter escutado sobre o movimento artístico holandês chamado De Stijl.
Marcado por obras icônicas, como a Cadeira Vermelha e Azul, o De Stijl moldou a vanguarda modernista e suas variantes, como a arquitetura e o design.
No início do século XX, esse movimento revolucionou a arte, unindo pintura, design e construção modernistas em um só lugar.
Neste artigo, vamos descobrir o que foi o De Stijl, sua história, características marcantes do estilo na arquitetura, além de suas obras icônicas.
Então, vamos entender sua influência na arquitetura? Continue conosco e boa leitura!
O que é De Stijl?

Piet Mondrian
1872 – 1944
“Para aproximar-se do espiritual na arte, deve-se fazer o mínimo uso possível da realidade, porque a realidade se opõe ao espiritual.”
O De Stijl (termo que em holandês significa “O Estilo”) foi um movimento artístico de vanguarda que surgiu na Holanda em 1917.
Fundado por artistas e arquitetos como Theo van Doesburg e Piet Mondrian, o movimento tinha como objetivo ser algo totalmente novo, baseado na abstração geométrica e harmonia das cores e formas.
Com isso, em vez de representar objetos do mundo real nas pinturas, os artistas do De Stijl trabalhavam apenas com elementos básicos: retângulos, linhas verticais e horizontais.
Apesar de ser chamado de De Stijl, o movimento também ficou conhecido como neoplasticismo, pois propunha uma “nova plástica” na arte.
O que é arquitetura modernista?
Para conhecer o De Stijl a fundo, é importante entendermos o que é a arquitetura modernista — pois é a base do movimento holândes.
A arquitetura modernista é um estilo baseado na racionalidade e na funcionalidade, que rejeita ornamentos excessivos e prestigia formas simples e limpas.
Surgiu na primeira metade do século XX com o avanço de novos materiais construtivos como o concreto armado, o aço e o vidro, reinventando a maneira de construir.
Alguns arquitetos famosos que flertavam com a arquitetura modernista é a Lina Bo Bardi (Casa de Vidro), Oscar Niemeyer (Brasília), Ludwig Mies van der Rohe (Casa Farnsworth) e Paulo Mendes da Rocha (Casa Butantã).
Se você analisar, todos esses arquitetos históricos possuem sua própria maneira de projetar, mas, lá no fundo, se correlacionam.
Durante a vanguarda modernista, existiram inúmeros movimentos nas artes, e o De Stijl fez parte desse contexto inovador.
De Stijl: características do movimento na arquitetura

Agora que você já sabe o que é o De Stijl e, também a arquitetura modernista, está na hora de conhecer as características do movimento.
- Geometria e linhas retas: a geometria rigorosa é uma das marcas do estilo De Stijl. Nas obras arquitetônicas do movimento, praticamente tudo se resume a linhas retas e ângulos de 90 graus.
- Estrutura clara e modular: outra característica importante da arquitetura De Stijl é a estrutura aparente, organizada de forma modular. Em vez de esconder os elementos construtivos, os arquitetos neoplásticos costumavam evidenciá-los na composição do edifício. Na Casa Schroder, Gerrit Rietveld levou essa ideia ao extremo. A casa foi concebida como uma composição de planos e linhas independentes, onde cada parede parece flutuar em conjunto, criando um todo modular.
- Integração da arte e arquitetura: na arquitetura De Stijl havia uma forte conexão com as artes plásticas e o design. As casas, além de funcionais, eram consideradas “pinturas habitáveis”, onde cada detalhe seguia os mesmos princípios de forma e cor. Rietveld, por exemplo, desenhou móveis icônicos especialmente para seus projetos.
- Paleta de cores restrita: quando falamos em De Stijl, logo lembramos das cores primárias: o vermelho, o azul e o amarelo. A paleta de cores limitada é uma assinatura do movimento. Nas obras de arquitetura do De Stijl, as superfícies costumam ser brancas ou cinzas, enquanto detalhes estruturais aparecem pintados nas cores primárias.
- Espaço aberto e flexível: por fim, os arquitetos desse movimento inovaram ao buscar plantas livres e espaços flexíveis, rompendo com as casas compartimentadas da época. Na Casa Schroder, por exemplo, Rietveld projetou paredes deslizantes no andar superior. Durante o dia, elas podem ser recolhidas para transformar os quartos em um grande espaço aberto.
Ou seja, na arquitetura De Stijl são utilizados poucos elementos, mas que ainda são bem marcantes, como as cores primitivas e os formatos sólidos.
Qual era o principal objetivo do movimento de De Stijl?

O objetivo principal do movimento de De Stijl busca construir uma linguagem visual universal, capaz de expressar ordem, equilíbrio e harmonia por meio do essencial.
Então, as obras eram majoritariamente compostas de linhas retas (verticais e horizontais), planos ortogonais e uma paleta limitada de cores.
A ideia era depurar qualquer referência naturalista para atingir uma beleza “pura”, válida em pintura, design e arquitetura.
Ou seja, o objetivo do De Stijl era unificar as artes e oferecer um vocabulário comum à vida moderna entendido como linguagem universal do novo tempo.
Qual é a escola de design De Stijl?
Não existiu uma “escola” formal chamada de De Stijl, como foi a Bauhaus na Alemanha.
O De Stijl foi um movimento desenvolvido em torno de uma revista homônima fundada em 1917 por Theo van Doesburg, que serviu como plataforma para reunir e difundir as ideias do grupo (entre eles, Piet Mondrian, Gerrit Rietveld, J.J.P. Oud, Vilmos Huszár, Bart van der Leck).
Ou seja, não era uma escola institucional, mas um círculo eleitoral que funcionava como polo de teoria e prática.
No entanto, houve, sim, compartilhamento de ideias com a Bauhaus. Isso porque Van Doesburg ministrou palestras e cursos privados em Weimar e manteve diálogo com docentes e alunos.
Obras da arquitetura do De Stijl
Agora que já passamos por toda a história do De Stijl, está na hora de conhecermos as obras mais famosas do movimento.
Casa Rietveld Schröder
━━ Área interna e externa da Casa Schröder | Créditos: Amazing Interiors®
A Casa Schroder (Rietveld Schröderhuis, no original em holandês) é possivelmente a obra arquitetônica mais famosa do De Stijl.
Projetada em 1924 pelo arquiteto Gerrit Rietveld para a Sra. Truus Schroder, em Utrecht (Holanda), a casa representou um momento radical na arquitetura moderna.
Sua fachada parece uma pintura de Mondrian em três dimensões: planos brancos e cinzas interrompidos por linhas e retângulos pretos, vermelhos, azuis e amarelos.
A planta da casa é extremamente inovadora, com elementos modulares e paredes internas móveis que reconfiguram-se de acordo com a ocasião.
Em reconhecimento à sua importância, a Casa Schroder foi incluída na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO no ano 2000, sendo considerada umas obras primas do De Stijl.
Cadeira Vermelha e Azul

No universo do design mobiliário, poucos objetos representam tão bem o espírito De Stijl quanto a Cadeira Vermelha e Azul.
Criada também por Gerrit Rietveld em 1917, tornou-se um dos principais símbolos do movimento.
A cadeira é feita em placas de madeira dispostas em ângulos retos, pintadas nas cores primárias. O assento é azul, o encosto é vermelho e a estrutura é preta com detalhes amarelos.
Na época, Rietveld a projetou pensando na funcionalidade e na facilidade de fabricação em série.
Hoje, a cadeira está presente em museus de design pelo mundo e continua inspirando designers pela sua ousadia e simplicidade.
Cadeira Zig-Zag

Outra peça de design ligada ao De Stijl, criada também por Gerrit Rietveld, é a Cadeira Zig-Zag.
Projetada em 1934, ela representa um passo além da busca pelo minimalismo no mobiliário.
A cadeira Zig-Zag consiste basicamente em quatro placas planas de madeira dispostas em forma de “Z”, sem pernas traseiras nem frontais tradicionais.
A Zig-Zag segue os princípios neoplásticos: linhas retas formando a letra “Z”, e muitas vezes pintada nas cores primárias.
Até hoje, a cadeira Zig-Zag continua sendo produzida e é valorizada como um clássico do design moderno.
Bônus: Composição XXII (1922)

A Composição XXII (1922) de Theo van Doesburg é um ótimo “resumo visual” do que a De Stijl defendia: ortogonalidade, redução formal e paleta de cores primárias e neutras.
É óleo sobre tela, de 45,5 x 43,3 cm, podendo ser visto no Van Abbemuseum (Eindhoven).
Por trás da obra existe uma história bonita. Em cartas de 1921-1922, Van Doesburg relata a impressão cromática que teve ao ver a Côte d’Azur durante uma viagem de trem.
A Composição XXII foi feita para Thijs Risema, irmão do poeta Evert Rinsema, e enviada a ele no verão de 1922.
O próprio Thijs descreve a obra com entusiasmo o “amarelo dourado” da tela quando a pendurar em seu quarto De Stijl, em Drachten.
Conclusão
O movimento De Stijl mostra como a simplicidade tem o poder de gerar uma revolução estética.
Mais de um século depois, ainda vemos como o De Stijl marca tendências na arquitetura e também no design de interiores.
Com esse movimento, podemos entender que, muitas vezes, menos é muito mais quando o assunto é arquitetura e design.
Se você gostou deste artigo, não se esqueça de compartilhar nas suas redes sociais e acompanhar o blog da Blocks para mais conteúdos como este.