Se você é arquiteto ou um entusiasta da área da arquitetura brasileira, certamente já deve ter ouvido falar de Lina Bo Bardi.
Lina foi uma arquiteta modernista ítalo-brasileira, reconhecida por sua grande influência na arquitetura e no design do Brasil.
Seus projetos destaque são o Museu de Arte de São Paulo (MASP), Sesc Pompeia e também sua casa, mais conhecida como Casa de Vidro.
Embora o MASP e o Sesc Pompeia sejam amplamente reconhecidos como suas grandes obras, a Casa de Vidro também merece destaque, pois foi onde Lina deu início à sua carreira no Brasil.
Vamos conhecer um pouco mais sobre a arquitetura de Lina Bo Bardi? A seguir, a Blocks® preparou um artigo exclusivo para você.
Então, continue conosco e boa leitura! 🙂
Quem foi Lina Bo Bardi?

Não podíamos começar nosso artigo sem apresentar a responsável por obras gigantes no Brasil: nossa querida Lina Bo Bardi.
Achillina Bo Bardi, ou Lina para os mais íntimos, foi uma arquiteta modernista ítalo-brasileira, nascida em Achillina Bo em Roma, em 1914.
Em 1939, Lina se formou em arquitetura na Universidade de Roma, se mudando para o Brasil após a Segunda Guerra Mundial, em 1946.
No Brasil, a arquiteta encontrou um lugar de paz e oportunidades, adotando o território como sua nova casa e se tornando uma das figuras mais importantes do país.
Em 1951, Bardi concluiu seu primeiro grande projeto, sua residência, chamada de Casa de Vidro, por conta de sua estrutura ser em maior parte construída em vidro.
Já em 1957, Lina também teve um de seus projetos mais emblemáticos, sendo o MASP, uma das obras mais icônicas da arquitetura moderna brasileira.
Alguns anos mais tarde, em 1977, a arquiteta foi chamada para participar do projeto Sesc Pompeia, em São Paulo, com a missão de revitalizar uma antiga fábrica de tambores em um centro cultural.
Nos anos finais de sua vida, a artista continuou a trabalhar em projetos arquitetônicos e culturais, falecendo em 20 de março de 1992, aos 77 anos, em São Paulo.

Achillina Bo Bardi
1914 – 1992
“Sou contra ver a arquitetura somente como um projeto de status. Estou em desacordo com o meu querido amigo Kneese de Mello quando diz que os pedreiros não devem fazer arquitetura. Acho que o povo deve fazer arquitetura.”
O que é Casa de Vidro?

Após instalar-se em São Paulo com seu marido, Pietro Maria Bardi, a arquiteta em 1951 realizou seu primeiro projeto, a Casa de Vidro, que seria sua residência por anos.
A casa se tornou um marco da arquitetura moderna, caracterizada pela fachada de vidro suspensa e pela interação com a densa mata no bairro do Morumbi, em São Paulo.
O local foi escolhido por sua conexão direta com a natureza, algo que Lina valorizava profundamente em sua arquitetura, sendo umas das primeiras casas do local.
Arquivos da época indicam que a compra dos lotes aconteceu em 1949, três anos após Lina e Pietro chegarem no Brasil.
Os croquis da arquiteta mostram como era a idealização da casa inicialmente, repleta de vidro e paisagem natural, e o plano aberto da sala com objetos e obras de arte.

Em 1950, Lina deu os primeiros passos da construção, chamando o engenheiro italiano Luigi Nervi para desenvolver o projeto estrutural da casa, que passou pelos ajustes do engenheiro Túlio Stucchi, em 1951.
Atualmente, a Casa de Vidro é o Instituto Bardi, sendo um espaço ativo e aberto ao público, repassando o pensamento e a obra de Lina e Pietro.
Inauguração da Casa de Vidro
Após a inauguração da residência dos Bardi, em 1953, a casa logo recebeu a denominação de “Casa de Vidro”, depois da publicação de Gio Ponti na revista italiana Domus.
Com a abertura da residência, ela logo se destacou e atraiu a atenção de artistas, arquitetos e intelectuais, tornando-se um ponto de encontro cultural.
Além de moradia para os Bardi, a casa passou a funcionar como um espaço de diálogos, reflexões e debates artísticos.
Sua arquitetura modernista e inovadora criaram o cenário ideal para discussões sobre arte, cultura e política, fortalecendo seu papel como centro cultural.
Como é a estrutura da Casa de Vidro?

A estrutura principal da Casa de Vidro é sustentada por delgadas colunas cilíndricas que elevam a residência acima do solo.
O design de Lina dá a impressão de que a casa flutua sobre a paisagem, permitindo que a vegetação nativa cresça livremente abaixo e ao redor da construção.
As amplas paredes de vidro ao redor da casa proporcionam uma integração visual completa com o ambiente externo, eliminando barreiras entre o interior e a natureza circundante.
A fachada principal, envidraçada e sustentada por pilares metálicos, reflete os ideais do Movimento Moderno.
Os espaços de convivência são abertos e transparentes, enquanto os quartos e áreas de serviço são todos feitos de tijolos, criando volumes sólidos e privados.
Lina Bo Bardi articulou essa dualidade de materiais de maneira racional e experimental.
Internamente, móveis e objetos foram dispostos de maneira calculada, quase como em um museu, reforçando a trajetória artística do casal.
Quais são as referências da Casa de Vidro?

As referências da Casa de Vidro estão ligadas a duas obras icônicas da arquitetura moderna: a Glass House, de Philip Johnson, e a Casa Farnsworth, de Mies van der Rohe.
Ambas foram construídas nos Estados Unidos, quase ao mesmo tempo que a Casa de Vidro, entre 1949 e 1951.
Mas afinal, o que elas têm em comum? Elas são notáveis pelo uso de grandes superfícies envidraçadas e por suas estruturas de aços leves, mantendo a conexão com a natureza ao redor.
Além disso, existe uma conexão simbólica entre os arquitetos das obras, que, exceto por Philip Johnson, construíram suas casas em países diferentes dos seus de origem.
A Casa de Vidro, a Glass House e a Casa Farnworth, além de serem marcos do modernismo, são exemplos de como a arquitetura pode expressar uma sensibilidade por meio de conceitos como leveza e transparência.
A vida de Lina e Pietro Maria na Casa de Vidro

Durante os primeiros anos de vivência do casal na Casa de Vidro, aconteceram algumas mudanças na residência.
Em 1954, foi realizada a pavimentação do caminho principal que dá acesso à casa e outras áreas de convívio do lote com granito e arenito, além da compra de mais plantas para o jardim.
Dois anos depois, em 1956, foi feita a troca dos primeiros vidros quebrados. Em 1958, o casal fez a aquisição de um terceiro lote para aumentar as dimensões da residência.
Lina e Pietro eram muito felizes na Casa de Vidro, tendo gostos em comum, formando uma sinergia intelectual e artística.
Ambos eram muito comunicativos e, ao longo de seus anos na casa, recebiam visitas frequentes de artistas, arquitetos e intelectuais.
Na grande sala da Casa de Vidro, Lina e Pietro receberam nomes como Max Bill, Glauber Rocha, Gilberto Gil, Gio Ponti, Calder, Joh Cage e Aldo van Eyck.
Após alguns anos de construída, a Casa de Vidro recebeu mais uma reforma, em 1986, com a construção da “casinha” que viria ser o escritório de Lina e seus colaboradores.

Achillina Bo Bardi
1914 – 1992
“[…] Claro, eu disse que o Brasil é o meu país de escolha e por isso é meu país duas vezes. Eu não nasci aqui, escolhi esse lugar para viver. Quando a gente nasce não escolhe nada, nasce por acaso. Eu escolhi o meu país.”
De casa dos Bardi à sede do Instituto
De casa dos Bardi à sede do Instituto

No final da década de 80, o casal Bardi decidiu desenvolver ações para a preservação da Casa de Vidro, com o intuito de assegurar a memória de seu projeto.
Então, em 1987, Lina e Pietro abriram um pedido de tombamento da Casa de Vidro e de seus bens no Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (CONDEPHAAT).
Aprovada no mesmo ano da solicitação, o casal iniciou a fundação do Instituto, que aconteceu no dia 03 de maio de 1990.
Após o falecimento de Lina, em 1992, foi iniciada a organização do acervo da Casa de Vidro. Em 1995, Pietro doou a casa ao Instituto.
Em novas mãos, a Casa de Vidro passou por inúmeras reformas para preservar o projeto do casal e, em 2015, foram tomadas ações institucionais de caráter programático, abrindo o espaço para visita pública com diversas atividades culturais.
Como visitar a Casa de Vidro?
Se você deseja apreciar de perto o projeto de Lina Bo Bardi, a Casa de Vidro é aberta à visitação.
O Instituto Bardi/Casa de Vidro está localizado em Rua General Almério de Moura, 200 Morumbi, São Paulo – SP.
É possível ir ao local de transporte público, seja metrô ou ônibus, e também de transporte particular.
O local funciona recebendo o público às quintas, sextas e sábados em diferentes horários que variam entre: 10h, 11h30 e 14h e 15h30.
Para mais informações, acesse o site oficial do Instituto Bardi.
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Lina Bo Bardi trouxe uma visão inovadora para a arquitetura brasileira, priorizando a integração com a natureza e a funcionalidade.
Podemos ver isso com a Casa de Vidro que revela o cuidado com os detalhes e a visão de futuro da arquiteta.
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Conclusão
Gostou de saber sobre a Casa de Vidro de Lina Bo Bardi? Esse é um projeto atemporal que moldou a arquitetura moderna brasileira.
Lina sempre foi e sempre será inspiração para todos os arquitetos e entusiastas da área, e seu legado será resguardado por diversas gerações.
Visitar ou estudar suas obras é um mergulho na história e na criatividade, sendo uma oportunidade de enxergar a arquitetura além das formas, como expressão cultural e social.
Então, se você busca novas perspectivas para seus projetos, ou simplesmente apreciar o impacto da arquitetura, a Casa de Vidro é uma referência inigualável.
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